terça-feira, 17 de julho de 2012

Liberté, egalité, fraternité


Entre as conquistas que o desenvolvimento vem impondo à sociedade, uma das que merece maior destaque é a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a bem da verdade, chega a ser patético exaltar essa mudança, porém, infelizmente, vivemos num mundo onde características como sinceridade e honestidade viraram qualidades ao invés de obrigações.

No esporte todas as modalidades olímpicas são disputadas por ambos os sexos, algumas competindo entre si, como é o caso do hipismo, outras adaptadas às respectivas características fisiológicas 

No voleibol a altura da rede é diferente, o mesmo acontece nas provas com barreiras no atletismo.
Alguns exercícios da ginástica artística são exclusivos para cada gênero. 
Nada mais democrático, afinal, é fundamental que as características sejam respeitadas não só para a boa prática da modalidade como também para preservar a saúde dos atletas. 

Porém, o que nos faz escrever sobre o tema é a discussão que frequentemente costuma ocorrer acerca da premiação em certas competições. Alguns homens defendem que seus prêmios deveriam ser maiores enquanto que as mulheres lutam, mais uma vez, pela igualdade. 
Talvez o esporte onde tal discussão esteja mais presente seja o tênis, no qual os argumentos a favor da diferenciação se baseiam no número de sets jogados, o que é verdade nos torneios de Grand Slam em que as mulheres disputam uma melhor de três sets, enquanto os homens disputam uma melhor de cinco sets. 
Já as mulheres focam a audiência dos seus jogos para justificar a igualdade. 
Tendo a ficar do lado feminino nessa discussão, aliás, para ser preciso, do lado do mercado. 
O pagamento dos prêmios é uma parcela do que é arrecadado através de ingressos, direitos de transmissão, cotas de patrocínio e licenciamento, Ora, se o mercado paga indistintamente do sexo o valor dessas propriedades, qual seria a razão dos valores de premiação serem diferentes?
O argumento do maior esforço exigido pela duração da competição não pode sobrepujar o interesse do mercado, se assim fosse, os prêmios de uma corrida de 100 metros rasos deveriam ser 100 vezes menores do que de uma prova de 10 mil, o que não faz sentido. 
É certo que muitas vezes o mercado precisa ser regulado, entretanto, nesse caso, creio que ele consiga ser o melhor referencial para a definição dos valores de premiação. 
Vale aqui ilustrar um caso bastante interessante que ocorria no Voleibol brasileiro, onde era mais caro montar uma equipe de ponta no feminino do que no masculino, isso porque a quantidade de jogadoras de bom nível era inferior a de jogadores, ou seja, a oferta menor fazia com que o valor dos salários fosse maior.
Já no mundo corporativo, a média salarial das executivas ainda é menor, entretanto essa diferença tende a diminuir em função da cada vez maior inserção de mulheres qualificadas no mercado.
Aliás, se fosse ser utilizado aqui o argumento pró-diferenciação defendido no Tênis, as mulheres que engravidam deveriam ter um salário menor do que o dos homens e até do que o das mulheres que não ficaram grávidas, afinal, trabalharão menos por causa de licença maternidade, o que definitivamente não faz sentido.

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