terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Para onde vai a credibilidade?

Recentemente o instituto Datafolha, que considero respeitável, realizou uma pesquisa sobre o tamanho das torcidas dos clubes brasileiros.
Os resultados, no entanto, ficaram bastante longe da realidade do mercado analisado. 
É bem provável que o instituto tenha adaptado alguma metodologia aplicada em pesquisas eleitorais para chegar aos números absurdos e incoerentes que foram divulgados. 
Em vista do ocorrido, surgiram inúmeras acusações que envolvem teorias conspiratórias e ataques diversos, contudo, tendo a acreditar que foi basicamente um gravíssimo erro causado pela falta de conhecimento do ambiente esportivo. 
O que, aliás, não atenuam em nada os prejuízos que essa pesquisa pode causar. 
Um deles diz respeito ao direcionamento dos investimentos de potenciais patrocinadores interessados num mercado de massa, que, enganados pela pesquisa, não terão o retorno objetivado com o patrocínio. 
O outro malefício envolve todo o ambiente esportivo, visto que dados tão discrepantes colocam em risco a credibilidade das informações referentes a esse segmento, em função da desconfiança que gerará nos executivos que baseiam suas decisões em números. 
Realmente lamentável. 
Ainda dentro dessa linha, vale também questionar a grande maioria das pesquisas sobre o tema, pois essas costumam basear as segmentações segundo critérios estritamente demográficos como sexo, faixa etária, nível de escolaridade e perfil socioeconômico.
Entretanto, considero fundamental que a abordagem inclua também aspectos psicográficos e comportamentais que consigam inferir o grau de engajamento do torcedor com o seu time. 
O fato de uma torcida ser maior do que outra não significa que tenha mais torcedores que consumam os produtos do clube e, consequentemente, gerem receitas para esse.
Muitas vezes uma torcida pode ter uma grande quantidade de torcedores, porém esses sejam meros simpatizantes, que não consomem seus produtos ou mesmo frequentem os estádios.
O que seria melhor para um patrocinador? 
Associar sua marca a um clube cuja torcida é tida nas pesquisas como grande, mas cujos torcedores mal sabem o que acontece com seus times ou estar junto a uma equipe cujos torcedores são heavy users do time?  
Claro que a resposta para essa pergunta dependerá dos interesses e objetivos do patrocinador, todavia é importante que ele tenha ao seu dispor todos os números que embasem sua decisão, melhor dizendo, números corretos e responsáveis.


3 comentários:

  1. Halfen, brilhante matéria, como são todas.

    Pra contribuir com o teu raciocínio. No jornal Folha de São Paulo de 07/12/2012 tem uma matéria dizendo que O Itaú, Bradesco e Banco do Brasil são as marcas brasileiras mais valiosas em 2012. Estas três marcas investem pesado em patrocínio. Já, neste mesmo jornal, dia 16/12/2012 traz um conteúdo dizendo que "Patrocínio a futebol tem retorno incerto". É lógico que estas marcas não investem somente em patrocínio esportivo, mas em outros segmentos também. Entretanto, a imagem de ligação com esportes que essas marcas passam a população, acredita-se que contribuí para a valorização delas.
    Também considero que deva ter algum equivoco nesta pesquisa, pois não é o que vemos quando saímos nas ruas. Pelo menos aqui em Porto Alegre percebe-se que em cada 10 pessoas andando na rua, pelo menos 1 (ou 2)estão vestindo a camiseta do seu time do coração. Já tem até roupinha para cachorro com os símbolos dos clubes. Isso é força de um marketing bem feito! É isso que acredito que seja.
    Vou precisar falar contigo. Te ligarei em janeiro.Abraço Idel.

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  2. Meu caro Idel, até onde alcancei, o Fluminense, através de seus torcedores, foi o único clube que gritou contra a pesquisa, sempre levantando dúvida com argumentos os mais diferentes. Aproveito o gancho da aproximação que você faz com as pesquisas eleitorais para comentar. Nas campanhas os candidatos, para elaborarem as suas estratégias e discursos, contratam as suas próprias pesquisas e as confrontam com as pesquisas solicitadas pela imprensa. Assim não perdem o rumo nem correm o risco de errarem. No futebol, ao que tudo indica, estamos todos nas maõs dos institutos, sem que se tenha transparência sobre os financiadores. Por isso, elas influenciando do modo como você demonstra. Os clubes precisam destinar recursos para o pagamento de pesquisas nacionais. Seria o modo melhor para confrontar.

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  3. Prezados,
    seguindo esta linha de raciocínio, na ausência de dados primários, com objetivo "recreacional", dá para fazer algumas projeções e modelagens investigativas, seguindo o trabalho desse link. Como não sou da área, apenas disponibilizo o link, sem maiores comentários, artigo esse obtido em momento de busca de maiores informações para entender a palhaçada da pesquisa do DataFalha. http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/481.pdf

    ST4

    Henrique Zaluar

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