terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Dependendo da ótica...

“Marketing no futebol é bola dentro da casa. Se a bola entrar naquela casinha, você vende até Modess pra homem. É só colocar o escudo do Atlético.” Alexandre Kalil, presidente do Atlético MG de 2008 a 2014.
Esse tipo de frase tem a capacidade de causar arrepios em qualquer profissional de marketing, afinal, todos que militam seriamente na área reconhecem a suma importância desse departamento para qualquer instituição.
Entretanto, todos que militam seriamente na área concordarão, após o impacto inicial da frase supostamente sem nexo, que há certa dose de razão na fala do ex-presidente mineiro e para argumentar a respeito, não utilizarei a máxima de que "até um relógio parado está certo duas vezes ao dia", mas sim, argumentos relacionados aos aspectos relacionados ao marketing e ao esporte.
Creio não restar dúvida de que o bom desempenho esportivo ajuda bastante na obtenção de receitas, sejam essas advindas de patrocínios, bilheterias, direitos de tv e/ou licenciamento.
Obviamente, uma boa estrutura de marketing contribui para potencializar os efeitos de jornadas vitoriosas e minimizar os períodos menos frutíferos.
Aqui chegamos ao segundo ponto em que a declaração polêmica pode ganhar mais alguns contornos de assertividade.
Reparem que fiz questão de utilizar as expressões: “todos que militam seriamente na área” e “boa estrutura de marketing”.
Pretendo com o enaltecimento dessas expressões provocar a reflexão sobre a eficácia de se ter uma área de marketing despreparada e sem a vivência necessária na disciplina.

Outro fator que também corrobora para deixar a tese do “desprezo ao marketing” discutível é a própria falta de preparo do presidente, que se não souber efetivamente o que é marketing, o que se pode obter com ele e quais os objetivos a serem alcançados através da área, de fato estará certo na opção de extinguir o departamento.
Seria uma medida mais honesta do que incluí-la no organograma por razão de "status" ou por querer uma grife que possa respaldar sua gestão em termos de imagem, evitaria dessa forma que ficasse evidente sua incapacidade de avaliar resultados ou  de dedicar um orçamento adequado à área tão importante.
Apesar das observações acima terem sido originadas no meio esportivo, o qual reconheço ser mais carente de mandatários, executivos de marketing e até “especialistas e críticos” capacitados, o cenário de desconhecimento acerca do marketing é extensívo ao mundo corporativo.
Infelizmente, muito mais comum do que se possa imaginar, existem presidentes de empresas que investem em estruturas de marketing sem terem a mínima noção do que querem, ou melhor, sem saber se o que querem é factível com o orçamento disponibilizado ou mesmo se estrategicamente é adequado àquela conjuntura de mercado.
Nessa situação de presidente, digamos, pouco brilhante, só restam duas opções: torcer para o executivo de marketing ter um poder de convencimento superior à incapacidade do mandatário ou torcer para a bola entrar na “casinha”.


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