terça-feira, 19 de julho de 2016

As receitas dos clubes

Baseado no trabalho realizado pela Jambo Sport Business - http://pt.slideshare.net/jambosb/clubes-de-futebol-com-maior-faturamento-200607-a-201415, o qual, por sua vez, teve como referência os relatórios anuais elaborados pela Deloitte, sob o título de Football Money League, fizemos uma análise do comportamento dos principais clubes que mais arrecadam no mundo e tentamos comparar com o que acontece nos principais clubes brasileiros.
Nessa análise, as receitas foram segmentadas em três tipos:

Matchday: bilheteria + sócio futebol
Broadcasting: direitos de transmissão
Commercial: patrocínios + licenciamentos

Cumpre ressaltar que não foram consideradas as receitas advindas da comercialização dos direitos econômicos dos jogadores, de forma que o estudo contemplasse apenas receitas recorrentes.
Foi adicionado, para efeito de identificar o equilíbrio entre as fontes de receitas, o cálculo de desvio padrão sobre a participação percentual de cada fonte. Quanto mais próximo a zero esse valor, maior é o equilíbrio.

É possível constatar no estudo que, utilizando como base os 10 clubes que mais faturaram, houve um aumento de 85,5% nas receitas totais quando se confronta a receita da temporada 2006-07 contra 2014-15
No caso do Matchday, o aumento foi de 25,3%, em Broadcasting o crescimento atingiu 62,5%, enquanto que em Commercial foi de 176,8%. Essas variações de crescimento entre as fontes provocaram, evidentemente, uma mudança na participação percentual de cada uma.
As receitas de matchday, que representavam 29,9% na primeira temporada do estudo, caíram 9,7 pontos percentuais e em 2014-15 chegaram a 20,2%.
A participação de broadcasting caiu de 40,3% para 35,3% e a de commercial cresceu de 29,9% para 44,5%.
Esse crescimento da participação de patrocínios e demais fontes ligadas ao Commercial pode ser explicado pela maior maturidade dos clubes e dos patrocinadores, que passaram a encarar o patrocínio não apenas como uma iniciativa de exposição da marca, mas também um processo de associação entre marcas, que juntas se beneficiam da sinergia e dos valores agregados a elas, fato já percebido e bem explorado pelo comitê olímpico internacional e seus parceiros.
Evidentemente, a conjuntura econômica dos países onde esses clubes estão sediados também contribuem para o faturamento.
Dentro desse parâmetro, fizemos um exercício parecido considerando os 12 principais clubes brasileiros, de acordo com os respectivos balanços patrimoniais, devendo ficar claro aqui que não há uma padronização entre as nomenclaturas desses documentos.
Assim identificamos que em 2014, as receitas de matchday desses clubes contribuíam com 23,2% do faturamento recorrente, o broadcasting com 50,6% e o commercial com 26,2%.
Em 2015, esses percentuais passaram para 23,1%, 54,5% e 22,3% respectivamente.
Acredito que a queda do commercial no estudo sobre os clubes brasileiros possa estar relacionada à crise pela qual passa o país, mas independentemente do cenário econômico, é notória a grande dependência dos clubes pelas receitas de TV, fruto, aí sim, da menor maturidade do futebol brasileiro no que tange à gestão.
O estudo da Jambo, mostra que até os 10 clubes que mais arrecadaram no mundo, já tiveram o broadcasting como principal fonte, ressalvando que esse grupo nunca teve uma participação maior do que 43,3% (2009-10).
Diante desses números, podemos sonhar com a expectativa de, num futuro não muito longínquo, as receitas dos clubes brasileiros cresçam e que a dependência em relação ao broadcasting diminua, porém, para que isso efetivamente aconteça é imprescindível que sejam geridos de forma séria.



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